SEXO, AMOR E NATURISMO

quarta-feira, 15 de outubro de 2014 0 comentários
    No IV ELAN - Encontro Latino Americano de Naturismo foi dada uma palestra pelo Sexólogo Christian Thomas Torres com o tema “Sexualidade e Naturismo” que segundo o Pedro Ribeiro do portal Jornal Olho Nu causou debates acalorados e polêmicos. Não surpreende em nada considerando que nem Freud conseguiu esgotar o assunto. Defendia ele a teoria de que o desejo sexual era a energia motivacional primária da vida humana e até hoje seus estudos continuam muito debatidos.



    Nessa semana surgiu uma frase no Facebook. Não sei de quem é a autoria dizendo: “Desde que o SEXO ficou fácil de conseguir, o AMOR ficou difícil de encontrar”. Um grande equívoco do autor, sexo sempre foi fácil e o amor sempre foi difícil, isso porque a história da humanidade sempre foi recheada de conflitos, armados ou não, numa demonstração clara de desamor não por causa do sexo, mas sim pelo poder e da cobiça.

    O que pode ser levado em consideração é a leviandade do sexo, mas também não tem nada a ver com amor. Amor é um fenômeno espiritual; a luxúria é física. Se é difícil de conseguir um relacionamento prazeroso, o sexo não pode ser penalizado por isso. Somos seres totalmente sexualizados, nascemos de duas células sexuais e as demais a partir destas, o que pode ser esperado? Negue a raiz que a árvore irá também cair. A inversão dos valores só irá trazer consequências desastrosas.

    O fenômeno amor não pode ser explicado, somente vivenciado. Como diz na música de Zé Ramalho “O sinônimo de amor é amar”. O problema não está com relação ao sexo e sim com a falta da consciência. Amor e consciência seguem juntos, se você tem consciência se torna amoroso, se não há possibilidade de se ter a consciência, seja amoroso que a consciência acompanha. Essa consciência permite entender que o amor pode ser sacrificado pela liberdade, mas a liberdade não pode ser sacrificada pelo amor. E isso é o que temos feito há séculos, sacrificar a liberdade pelo amor. Como resultado, o amor se tornou uma prisão com correntes de diamantes, mas uma bela prisão.

    Também não é uma questão de disciplina. Como diz o Sociólogo Edson Medeiros no seu artigo Naturismo e Novas Vivências: “Domesticado, disciplinado é o homem perfeito para servir ao capital”, uma manipulação de uma sociedade moralista diante de uma natureza que não está nem aí com que pensamos. Ela é livre de julgamentos, a flor nasce e não pergunta a ninguém se pode ou não florir, simplesmente aparece com todo seu esplendor.

    Dentro desse contexto o corpo humano surge como algo estranho, desconhecido e coberto se torna um objeto de obsessão. Repito o que já foi citado em outro texto: Numa carta-depoimento da Profª Sonia Maria Braucks Rodrigues ao Paulo Pereira em seu livro “Corpos Nus” ela diz: “Assim, o homem tem duas atitudes equivocadas em relação ao seu próprio corpo: vestiu-o e despiu-o em nome de culturas não-naturistas. Tanto a roupa como a nudez como atitudes não-naturais, servindo do propósito do consumo voraz”.

    É bom que haja o entendimento que a vida só se manifesta em união com os opostos, homem e mulher; macho e fêmea; dia e noite; vida e morte. Tudo como uma coisa só. O alto da montanha tem a sua beleza, mas os vales também têm, não haveria um sem o outro. Uma mente fragmentada não consegue perceber a Divindade.

    O Naturismo não é um fim e sim um meio que faz os indivíduos a repensarem a respeito do seu corpo dentro de um espaço natural. Inserido na natureza, não fragmentado. Equívocos e conceitos distorcidos têm sido uma constante. No dia 23/02 foi publicado num blog a seguinte afirmação:


O Naturismo é totalmente incompatível com os pressupostos cristãos. Não tenho a menor dúvida de que as praias de nudismo atentam contra o pudor, a decência e moralidade, além obviamente de afrontar a santidade de Deus.” 

    De onde ele tirou isso?? É muita prepotência de se santificar. Será que esse indivíduo não percebe que até para existir o Santo tem que ter o pecador? O maior pecado que realmente existe é a falta de consciência.

    Viver com naturalidade implica numa grande religiosidade. Sem divisões o ser humano tende a se integrar com o todo. Pobre sexo! Sem ele não haveria nenhuma alma viva nesse planeta, nenhum de nós estaríamos aqui. Não, o problema está mal focalizado. Eckhart Tolle em seu livro “Um Novo Mundo – O Despertar de Uma Nova Consciência” relata: 


“A história do comunismo, inspirado originalmente por ideais nobres, ilustra com clareza o que acontece quando as pessoas tentam alterar a realidade externa – no caso, criar um novo mundo – sem realizar nenhuma modificação prévia essencial na sua realidade interior, no seu estado de consciência. Elas fazem planos sem levar em conta o “modelo” de distúrbio que todo ser humano traz dentro de si: o ego.”


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