A PRÁTICA DO NATURISMO CONSCIENTE

quarta-feira, 15 de outubro de 2014 0 comentários
No dia 23/04/12 comemoramos o Dia Internacional do Livro e do Direito do Autor, data instituída na XXVIII Conferência Geral da UNESCO em virtude do falecimento nessa data no ano 1616 de Miguel Cervantes, William Shakespeare e Garcilaso de la Vega. Além disso, nesta data, em outros anos, também nasceram ou morreram outros escritores importantes como Maurice Druon, Vladimir Nabokov, Josep Pla e Manuel Mejía Vallejo.

Não é que temos aversão para ouvir longos discursos, na verdade não conseguimos ter longos períodos de atenção, isso a minha esposa, formada em biologia e com larga experiência no ensino infantil me dizia. Eu sabendo disso, para alunos de faculdade sempre procurei descontrair um pouco, principalmente quando o período de aula dobrava. Formaturas nem pensar, só quando a minha presença for indispensável. A primeira coisa que penso é no discurso, ou melhor, na festa pós-evento, a pizzaria.

No entanto, alguns assuntos precisam ser explorados com mais detalhes. Se for num discurso, só em doses homeopáticas, e se passar de 35 minutos ninguém mais presta atenção a coisa alguma. Por isso sempre digo que só aprendemos com a leitura, até mesmo para o deficiente visual.  O livro exerce uma função fundamental no processo educacional, bem como do que o autor quer passar; Seja romance, aventura, relatos verídicos etc. Podemos parar um pouco, retornar depois, marcar o que gostamos ou o que será preciso para algum propósito. Enfim, tem que ter uma parada para descanso.

A prática do Naturismo consciente deve preceder de uma leitura atenta e isenta de artigos, livros ou de textos que contam a experiência do autor na sua primeira viagem ou mesmo das raízes históricas e filosóficas em que se apóia o movimento. Por outro lado, não fará diferença alguma se o leitor não estiver com a predisposição de aprender coisas novas, o seu íntimo deve estar aberto para algo novo e provocar reflexões.

O autor do trabalho não muda ninguém, o que provoca mudanças nos comportamentos e amadurecimento do leitor são as próprias reflexões. Conclui-se daí que a consciência que adquirimos sobre algum assunto parte de nós mesmos, de ninguém mais. Por meio das nossas experiências de vida que nos tornamos mais sábios, a leitura, no mínimo, sinaliza e nos mostra algo não pensado.

No final do ano de 2009 o livro “Verdades que as roupas escondem”, uma coletânea de artigos naturistas e incluí as Normas Éticas do Naturismo, a história do Naturismo no mundo, no Brasil e no Estado do Espírito Santo. Conta ainda a história de Dora Vivacqua (Luz Del Fuego), uma capixaba muito à frente do seu tempo e a Carta da Terra. Algumas pessoas que tiveram oportunidade de ler passaram a ter uma outra idéia da filosofia naturista, entenderam a dimensão, o alcance e, no entanto, para outras, continuaram me rotulando um louco. Não me importo.

Para meado desse ano espero lançar outra coletânea chamada “Naturismo – Um Estilo de Vida Transformador”. Muitos textos belíssimos como por exemplo: “Sobre a Nudez Social” de Viegas Fernandes da Costa; “Naturismo e Novas Vivências” de Edson Medeiros e “Nudismo e Desejo” de Paulo Pereira entre outros. Só que dessa vez estou aguardando maior participação dos próprios naturistas. Eles precisam demonstrar o interesse pela leitura, caso contrário, não haverá nenhuma transformação, e o livro perde o sentido.

Me parece que os dias atuais não têm favorecido muito para a prática da leitura, o mundo anda numa velocidade maior, todos correm com os seus compromissos e o domínio da internet que traz todas as informações rápidas e full time tornou a vida mais fácil, não deveria sobrar mais tempo para reflexões? Mas não foi para essa direção, nossas caixas postais estão abarrotadas de propagandas e informações interessantes, as redes sociais não permitem que o indivíduo fique sozinho. Tudo tornou muito frenético, não culpo a internet e sim a própria falta de consciência.

Para que eu não entre nesse sistema maluco, vou de encontro à natureza e me integro a ela que fico em dúvida, quem é quem? Sou a própria natureza, nua e sem preconceitos, o outro é parte de mim e eu, de alguma forma, estou interligado com o outro. A conexão que faço já não é mais virtual, é presencial.

Para que eu possa acordar e ver o que o mundo faz comigo devo ficar consciente, me largar por inteiro, a metade não adianta. É preciso despertar para o corpo e aprender a perceber. Mas nas linhas acima eu disse: “Só se aprende lendo”.

“Que os outros se gabem das páginas que escreveram; eu me orgulho das que li.” (Jorge Luis Borges)

  

Evandro Telles



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